Origem: João Ramalho - Breve histórico
O município de João Ramalho, Estado de São Paulo, foi emancipado em 19 de março de 1959, desvinculando-se do município de Quatá, de onde foi elevado a distrito em 5 de abril de 1935. O nome foi escolhido em homenagem ao bandeirante português João Ramalho, fundador de Santo André/SP (IBGE, 2022).
O povoado, que le deu origem, remonta a meados de 1920, quando seus pioneiros adquiriram terras na região, abriram estradas ligando-as às cidades vizinhas, e construiram as habitações dos primeiros moradores instalados nas proximidades do Ribeirão São Mateus.
A economia atual está baseada na pecuária de corte e na agricultura, sobretudo nas culturas de cana-de-açucar, mandioca, milho, soja e amendoim. A área do município é de 415,452 km², e sua população estimada é de 4.371 pessoas (IBGE, 2022).
Igreja Matriz São João Batista — símbolo de fé e tradição.
Fundação: De Capela à Paróquia
A Paróquia São João Batista, de João Ramalho, pertencente à Diocese de Assis, Estado de São Paulo, foi criada em 24 de junho de 1964 (festa de São João Batista), pelo decreto canônico nº 918 (livro 3, f. 165) do Bispo Diocesano, Dom José Lázaro Neves, que erigiu em Paróquia o município de João Ramalho e elevou a Capela de São João Batista à categoria de Igreja Matriz. Foi chanceler do ato o Monsenhor Floriano de Oliveira Garcez.
Anteriormente, a fé católica da população de João Ramalho estava vinculada à Paróquia de Quatá, fundada em 15 de novembro de 1927. Um marco, nesse período, foi a vinda do Pe. João Kivilus para Quatá, em 19 de maio de 1933. Pe. João Kivilus foi o incentivador da construção da Capela São João Batista, em João Ramalho, e o realizador da primeira festa de São João Batista. Os padres da paróquia de Quatá celebravam a Santa Missa na Capela e coordenavam as ações pastorais.
Foram eles:
- Pe. Félix das Dores Ortega (28/06/1945 a 26/11/1946)
- Pe. José Rodrigues Coimbra (26/11/1946 a 03/12/1947)
- Pe. Alfeu Picardi (03/12/1947 a 1951)
- Pe. Francisco Guffi (1951 a 01/05/1955)
- Pe. Bernardino Bácalo (05/12/1959 a 28/02/1960)
- Mons. Rafael Arcanjo Coelho (28/02/1960 a 20/11/1960)
- Pe. Dionísio Gonzalles (20/11/1960 a 01/03/1974)
Igreja Matriz São João Batista — símbolo de fé e tradição.
Antiga Capela e atual Igreja Matriz
Em 22 de março de 1932, a Diocese de Assis recebeu a doação de um lote de terra com a condição de "ser edificada a futura Matriz da povoação de João Ramalho". Lá foi construida a Capela São João Batista, de João Ramalho, que depois se tornou a Igreja Matriz. Além da importância religiosa, a Igreja Matriz se tornou um ícone do patrimônio turístico-cultural de João Ramalho.
Com o decreto de fundação paroquial, a Capela foi elevada à Igreja Matriz.
A tradição oral, confirmada por fotos, mostra que a capela foi construída pela dedicação dos moradores locais, e impulsionada pelos movimentos marianos e pelo auxílio da Paróquia de Quatá, de onde era vinculada. Pe. João Kivilus teria sido o grande incentivador da construção da capela.
Registros dos movimentos marianos a partir de 1940, se referem à existência e à utilização da capela em celebrações litúrgicas e ações pastorais.
Em 19 de fevereiro de 1987, a Igreja Matriz e a Praça da Matriz foram ampliadas e ganharam o formato atual.
Em 24 de junho de 2024, será realizada a solenidade litúrgica da dedicação da Igreja Matriz, que marcará o encerramento e o ápice da celebração do Jubleu de Diamante.
Casa Paroquial, Centro Catequético e Secretaria Paroquial
Ao lado da Igreja Matriz e da Praça, também a serviço do templo, existem a Casa Paroquial, o Centro Catequético e a Secretaria da Paróquia. Não há registro da construção da Casa Paroquial, apenas de algumas reformas. O Centro Catequético foi construído em fevereiro de 1987, e passou por novas reformas até ganhar a estrutura atual. Em uma delas, foi construída a Secretaria Paroquial.
Capelas urbana e rurais
A paróquia São João Batista, de João Ramalho, possui uma capela urbana (Capela São Vicente de Paulo, localizada à rua Vitória, na VIla Santa Cruz) e duas capelas rurais: Capela Santo Antônio (Bairro Água da Prata) e Capela São Roque (Bairro Água Fria).
A Capela urbana São Vicente de Paulo foi inaugurada em 17 de junho de 1994, pelo Pe. Oldeir José Galdino e, conforme a estrutura paroquial da época, foi definida como um centro de animação, onde realizavam celebrações litúrgicas e atividades pastorais e sociais.
Os registros de sua criação informam que a capela foi construída devido ao aumento de fiéias naquela região da cidade, que compreende os setores paroquiais São Sebastião e Santa Luzia.
Atualmente é regularmente utilizada para celebrações litúrgicas (quartas-feiras e dias festivos) e para atividades pastorais diversas: cursos bíblicos (Grupo Filii Dei), formações litúrgicas, catequese, Grupo de Oração da Renovação Caristmática Católica (R.C.C.) e encontros dos Movimentos Mulhres de Maria, Exército de São Miguel Arcanjo.
Eventualmente, é utilizada para ações sociais (Bazar da Providência).
A Capela Rural Santo Antônio é localizada no bairro rural Água da Prata, à 12km da cidade de João Ramalho, na Fazenda Santo Antônio. A tradição oral registra sua existência há cerca de 50 anos, e sempre contou com intensa programação religiosa impulsionada pelos Padres César Tonelloto e Padre Adolpho Emmerich, que celebravam missa, novena, crisma e até casamento. Atualmente nela é celebrada a Santa Missa toda terceira terça-feira de cada mês.
A Capela São Roque é localizada no bairro rural Água Fria, à 10km da cidade de João Ramalho, na FAzenda Walquiria. Os principais eventos religiosos, nela realizados, são a Celebração da Santa Missa e a reza do Santo Terço. A Santa Missa é celebrada, regularmente, na segunda terça-feira de cada mês. A capela foi consturída entre 1930 e 1940, e reconstruída em 1968 a partir dos escombros da construção original.
Ao longo de sua história, a Paróquia contou com outras capelas rurais que mantiveram intensa atividade religiosa e continuam presentas na memória dos parquianos.
Fora lembradas (com o risco de esquecer alguam) a existência de capelas nos seguintes bairros rurais: Moema, Água da Reta, ÁGua Boa, Água do Urubu, Água da Prata, Água do Cedro e São Matheus. Houve destaque para a Capela São Sebastião II, no bairro Água do Cedro, onde, além da celebraçã de Santas Missas e de rezas do Santo Terço, havia quermesses (realizdas em 20 de janeiro, dia de São Sebastião) e até batizado.
O passado da Ação Pastoral: Recordar para repetir
O modelo de ação pastoral foi implementado pela Igreja, em geral, com o Concílio Vaticano II (1965) e, com algumas variações, esteve presente na Paróquia desde a sua fundação, havendo registros, nesse sentido, a partir da década de 70. O modelo de organização pastoral foi consolidado na década de 80 e passou por reformulação ao longo da década de 90, quando começou a ser estruturado com a organização atual.
A comunidade católica local sempre foi marcada por intensa ação pastoral. A tradição oral relata ações pastorais desde meados dos anos 30, quando era desenvolvida pelos movimentos Marianos: Congregação Mariana (homens) e Filhas de Maria (mulheres).
Sob direção espiritual de um sacerdote, tais movimentos se reuniam com frequência para tratar da vida da congregação e da comunidade, quando relatavam o exercício de ação pastoral, inclusive, nas comunidades rurais. Havia preocupação e pedidos constantes pela paz, considerando o contexto de um mundo que enfretava a primeira Guerra Mundial (1939 a 1945).
Após a fundação da paróquia, a ação pastoral continuou confiada aos movimentos Marianos, nos primeiros anos. Em agosto de 1966, foi novamente levantada a "Congregação Mariana de João Ramalho" e, em 11 de setembro de 1966, há registro da primeira reunião da congregação após a criação da paróquia, quando também foi debatida a criação da "Congregação de Marianinhos" para crianças até 12 anos.
Marcas da Ação Pastoral: Evangelização de jovens e Devoção Mariana, sempre presentes
A evangelização dos jovens e a devoção mariana são linhas de ação pastoral, sempre presentes, desde o início da comunidade que deu origem à Paróquia.
Desde 8 de fevereiro de 1976, há registro de encontros e palestras para evangelização de jovens. Atualmente, o grupo de jovens da Paróquia ("Grupo Renascer") mantém essa tradição com destaque para o "Acampamento de Carnaval - Resgate", que em 2024 contou com sua 11ª edição.
A forte devoção à Nossa Senhora, Mãe de Deus e da Igreja, constitui outra característica da ação pastoral, sempre presente, repetindo as manifestações populares que marcam a história do próprio Brasil. Foram desenvolvidos diversos movimetnos e práticas pastorais, algumas ainda realziadas: Congregação Mariana, Filhas de Maria, Apostolado da Oração, Legião de Maria, Mãe Peregrina de Schoenstatt, Cenáculos e Cercos de Jericó, Terço dos HOmens, Mulheres de Maria, reza do Rosário e Santo Terço; nas Comunidades Paroquiais, Visita da Imagem de Nossa Senhora aos lares.
Ainda como exemplos da presença marcante dessas linhas de ação pastoral, registre-se a realização da Encenação da Paixão de Cristo, pelo sjovens da comunidade, durante a Semana Santa, que se tornou tradição paroquial, e a recente Entronização da Imagem de Nossa Senhora de Lourdes na Praça da Igreja Matriz (2023).
A prática da caridade também esteve presente na ação pastoral ao longo dos 60 anos de evangelização da Paróquia, dentre outras práticas, com a distribuição de cestas de alimentos, distribuição de doces, distribuição de cestas para crianças, pastoral da criança, etc.
Alegria e louvor como expressões da fé: A quermesse e o Salão Paroquial
A história da paróquia está entrelaçada com a história do Município de João Ramalho.
Expressão disso é a Quermesse com o Leilão de Gado, evento comemorativo em louvor ao Padroeiro São João Batista que, ao longo da tradição, ultrapassou o caráter religioso e se incorporou no calendário festivo municipal e regional.
A tradicional Quermesse, além do evento festivo popular de maior destaque promovido pela Paróquia, é a principal fonte de arrecadação de receitas paroquiais, mostrando a generosidade das pessoas com a obra de Deus e da Igreja.
A festa ocorre no salão paroquial, organizada por uma comissão própria (comissão de festas e eventos) que, muitas vezes, é formada por autoridades públicas locais, lideranças comnitárias e pessoas vinculadas aos poderes públicos, o que demonstra sua dimensão de festa municipal.
Hoje, assim como ao longo de sua história, a Quermesse é realizada por voluntários da comunidade paroquial que, com a oferta de seu tempo e de seu trabalho, são os maiores responsáveis pelo sucesso do evento. No seu cardápio, há décadas, o frango e a leitoa assada tornaram-se pratos típicos e patrimônio gastronômico da comunidade paroquial.
O primeiro registro da realização da quermesse é de 2 de maio de 1967, que ocorria no mês de maio como parte das festividades em louvor à Nossa Senhora.
Em 8 de agosto de 1971, há registro da composição de comissão de festas para a construção do salão paroquial, e em 31 de julho de 1972, da abertura da conta bancária (Caixa Econômica de João Ramalho) para movimentação de recursos paroquiais.
O salão paroquial é ainda utilizado para eventos diversos da Paróquia e da comunidade paroquial, como festas de casamento e aniversário, e outras celebrações e comemorações.
A Paróquia do presente e a do futuro: Deus é o Senhor da história.
A história da Paróquia, na realidade, é a historia de diversas pessoas que a construiram ao longo dessas seis décadas, cuja vida e a história pessoal se misturam à vida e à história da Paróquia. A nossa vida cristã acontece na Paróquia.
Assim, pedimos a Deus, e contamos com a colaboração da comunidade, que o presente e o futuro, da nossa paróquia, continuem a ser tão ricos quanto foram esses 60 anos de história de evangelização, e que se perpetue até a vinda do Reino definitivo.
Deus é o Senhor da História, e essa é a Fé que professamos e reebemos da Igreja.